CAMINHOS
Ao longo da vida vamos enchendo a sacola de pedras, umas afiadas, outras
lisas, algumas mais leves, outras tantas bem pesadas. A sacola vai ficando tão
pesada quanto o nosso corpo, o cansaço avoluma-se, a alegria da caminhada
esvai-se, pouco a pouco, vamos passo a passo, curvados, com dores no corpo e na
alma.
O caminho faz-se caminhando, apesar do peso que carregamos, apesar da
negridão que nos envolve, o caminho faz-se em busca de luz.
E… um dia, de repente, ganhamos coragem para tirar uma das pedras mais
pesadas e cutilantes. A sacola ficou mais leve, bem mais leve. As nuvens
afastaram-se, o sol brilha, a esperança de dias mais felizes regressou. O corpo
ganha forças, endireita-se, o coração sorri, os olhos brilham.
Ainda temos pedras na sacola, algumas sairão com o tempo, com vontade de
atirá-las para bem longe. Outras ficarão. Têm de ficar, são a prova do que
fomos e do que somos agora.
A caminhada faz-se caminhando, em longos percursos dolorosos e
dilacerantes, é certo. No entanto, quando menos esperamos, voltamos a caminhar
mais leves, mais alegres, confiantes e seguros. Só temos de acreditar…
Assim, estou eu, leve e confiante.
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